terça-feira, 20 de novembro de 2012

Diálogo da pré-meia noite (Algoz, atroz, confeito)

Ainda que cobrisse o rosto com a falsa sensação de que a paz era iminente no dia seguinte, sentia-me num completo breu. E de fato me encontrava na penumbra da sala, naquela falsa calma noite. Sincero aos meus anseios como sempre fui, coloquei-me em severo castigo mental, com um único intuito de afagar meu corpo que tão só se castigava na sala escura. Já não falo da alma metaforicamente poetizada, e sim das facadas internas que sentia da angustia, pelo simples fato de eu ser eu.
Bem, ser eu agora já não era tão simples. Culpava-me, e agora, a dor sincera conseguia atravessar o peito,  de forma lenta.  Já não utilizava mais personagens, nem terceira pessoa. Transferia minha dor para primeira e única pessoa.
E já não me importava soluçar dentro do almofadão, o sínico silêncio já havia se apoderado daquela noite.
E junto com a água salgada que insistia em escorrer, como que na tentativa de expurgar alguma coisa sem tempo para reflexão, vinha a imagem do meu sincero arrependimento.
Arrependimento por ser eu, tão egoísta a ponto de nunca conseguir controlar minhas inquietações.
Mas o arrependimento maior é por ser eu, me causar tanto mau. E por ser eu, me causo tanta dor.

Já não sou eu, nem tão importante assim ... Nem para você, agora, tampouco para mim. E se me espreito de lado e vejo que  repousa tranquilo, não preciso de muito tempo para perceber que você e os tantos outros que adoecem a alma por conta desta algoz presença, precisam respirar.

E que um dia .... o meu atroz jeito torne-se em um amontanhado de confeitos.


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